Quando saiu no Nintendo Wii U, Hyrule Warriors causou uma certa comoção na comunidade de fãs do The Legend of Zelda. Ver personagens clássicos como Link, Zelda e Impa destroçando hordas de inimigos na jogabilidade de Dynasty Warriors foi algo extraordinário.

Apesar da lambança com personagens de diferentes linhas do tempo, o jogo adicionou mecânicas levemente baseadas na série Zelda ao beat ‘em up / hack and slash do gênero Musou. Algum tempo depois, a Nintendo tentou repetir a fórmula com Fire Emblem Warriors, mas o resultado foi aquém ao esperado
Porém, a terceira parceria entre Nintendo e Koei Tecmo, através do estúdio Omega Force (responsável pela série Warriors), nos presenteou com Hyrule Warriors: Age of Calamity. Para mim, o melhor game do gênero Musou / Warriors já criado!
Com uma história rica, elementos clássicos da série, personagens cativantes, mecânicas inéditas aos jogos do gênero e elementos gráficos impressionantes, o game é uma obra-prima. Um presente da Nintendo aos fãs de Link e da aventura Breath of the Wild.
Um complemento ao Breath of The Wild
A entidade Ganon ameaça o reino de Hyrule novamente. A lenda contada por milênios é que um herói surge nos momentos de dificuldade para derrotar este mal. Há 10 mil anos, com a ajuda das tecnologias perdidas Sheirak, o herói se aliou a Deusa Hylia e selou as trevas de Ganon.
Após uma era de paz, hordas de monstros ameaçam Hyrule. A realeza, percebendo que este era um dos muitos sinais da volta de Ganon, começam a reforçar seus exércitos e criar poderosas armas de destruição. Sabendo dos perigos que cercam a volta do Rei Demônio, a princesa Zelda encontra no soldado raso Link o que procurava: a chama do herói lendário.

Link, Zelda e Impa, guarda-costas e conselheira da princesa, partem pelo mundo em busca de guerreiros de grande poder. O motivo da busca é despertar as quatro Bestas Divinas, desenvolver a magia de Zelda e despertar completamente o poder lendário em Link. Só assim Ganon será derrotado e a atual Era da Calamidade chegue ao fim.
Este é um resumo do resumo do enredo central de Hyrule Warriors: Age of Calamity. O game possui vários personagens com suas próprias histórias e motivações. Alguns rasos, de fato, mas mesmo assim cativantes ao seu estilo. Algo que falta na maioria dos jogos do gênero Musou.
Espere por milhares de diálogos, CGs instigantes e momentos marcantes e hilários. Age of Calamity foi feito para o fã da série, em especial aqueles que viveram as emoções de Breath of the Wild. Hora funciona como um prequel, em outros momentos é uma história completamente a parte. O game foi feito para todos. Fãs de Zelda, apaixonados por Musou ou quem curte boas histórias. O enredo de AoC funciona para vários tipos de jogadores.
Hyrule Warriors: AoC foge do padrão Musou
Neste game, você destruirá milhares de inimigos, como qualquer Dynasty Warriors. Existem ataques fortes, médios, sequências de golpes, ataques especiais e esquiva. Tudo o que se encontra em qualquer jogo do gênero. Porém, eis que temos o grande diferencial de AoC.

Elementos de Breath of the Wild foram inseridos às mecânicas beat ‘em up e hack and slash do Musou, a exemplo da tablet. Com ela, é possível utilizar itens, magias, habilidades e poderes do clássico que mudou para sempre a série The Legend of Zelda em 2017. É possível invocar uma barreira de gelo para esquivar de um golpe e contra atacar o inimigo. Ou uma bomba para destruir o escudo do adversário e atacar sem problemas. As possibilidades são diversas.
Mas engana-se quem pensa que um inimigo “X” só poderá ser derrotado de uma única maneira. Hyrule Warriors: AoC oferece várias formas de derrotar inimigos rasos e até chefes. Cabe ao jogador escolher o que for mais conveniente ao seu estilo de jogo.
As missões também são diversificadas. Como um Musou, o objetivo central deveria ser destruir a maior quantidade de inimigos. Em partes, isso não mudou. Porém, o game não se limita apenas a isso. Muitas vezes, as missões são a ativação de armadilhas para derrotar inimigos mais poderosos, impedir um cerco a sua fortaleza ou conquistar determinados territórios para permitir o avanço de suas tropas.

Isso já existia nos diversos Warriors, mas em Hyrule Warriors: AoC é possível realizar tais tarefas sem precisar focar em derrotar 2 mil inimigos na fase. Por vezes, é possível completar seus objetivos matando “apenas 300” adversários. Parece até muito, mas para quem é fã da franquia da Koei Tecmo sabe que isso é algo “improvável” em um Dynasty Warriors.
Um aventura de encantar os olhos e os ouvidos
Hyrule Warriors: Age of Calamity é o título mais belo entre todos da linha Musou / Warriors. Tendo como base The Legend of Zelda: Breath of the Wild, o game emula o que é encontrado na aventura de 2017, mas adiciona elementos extras. Afinal, não existe a pretensão de uma aventura em mundo aberto.
Temos cenários menores, mas ricos em objetos e efeitos de luz e sombra. E mesmo com as limitações do Switch, as texturas e qualidade dos ambientes são impressionantes. Fui surpreendido com o que encontrei no jogo, já que é um trabalho muito superior ao que encontramos nos demais jogos Warriors da Omega Force.

A trilha sonora é espantosa. Muitas das faixas são versões remixadas ou expandidas da trilha sonora de Breath of the Wild. Mas são nas músicas inéditas que vemos o trabalho do compositores Kumi Tanioka, Reo Uratani, Ryotaro Yagi e Haruki Yamada. Com experiência em jogos anteriores da Koei Tecmo, a equipe não se restringiu às batidas eletrônicas e aceleradas características da série Warriors, optando por uma trilha baseada nos jogos da série Zelda.
Mesmo a obra-prima tem seus defeitos
Hyrule Warriors: AoC não está livre do grande mal que assola vários títulos do Nintendo Switch: a queda de frames. Apesar de pontuais, o problema surge em situações com muitos inimigos e elementos na tela. Não é algo que gere dores de cabeça, mas pode irritar um pouco nos momentos críticos de uma missão. O problema pode incomodar os jogadores que buscam recompensas com a destruição de hordas de inimigos. Mas repito que é algo muito ocasional e não atrapalha muito o gameplay geral.

Como já mencionado, os gráficos são parecidos ao que encontramos em Breath of Wild. Mas não é algo idêntico! Apesar de emular bastante a primeira aventura de Link no Nintendo Switch, o jogador mais atento verá um objeto mal renderizado ou uma árvore “pixelada” demais.
Outro problema é a câmera. Como ocorre nos demais Warriors, a confusão de ângulos pode acontecer. Assim, o jogador por vezes precisa tomar cuidado com a mudança de posicionamento durante o combate para não deixar um inimigo passar despercebido. Contra adversários menores não é algo perigoso, mas contra chefes será um problemão. Por isso, é um dedo no analógico de movimento e outro no controle da câmera.
Vale lembrar que o game é um hack and slash / beat em up. Não um jogo de mundo aberto. Existem barreiras, locais apertados, salões enormes e espaços sem grandes atrativos. É um spin off, não uma continuação. Apesar de cenários enormes e bem desenvolvidos para o padrão Musou, não espere a sensação de completa liberdade de movimentação do Breath of Wild.

Durante a aventura, Link e seus companheiros ativarão as Divine Beasts, que são armas de tecnologia Sheirak. Em resumo, o jogador controlará armas gigantes e destruirá os mesmos inimigos de sempre, só que em quantidade muito maiores. Apesar da ideia ser interessante, a execução é fraca. A resolução dos cenários em uma versão menor é falha e sem grandes atrativos. A movimentação também é estranha, fazendo o jogador “empacar” se não tomar cuidado em destruir os inimigos antecipadamente. Fora o problema da queda de frames com o grande número de objetos em tela. Por sorte, utilizar uma Divine Beast (pilotando ou batalhando contra ela) é algo ocasional.
O melhor Warriors já criado
Confesso que sou um grande fã dos jogos Musou. Tanta paixão por muitas vezes me fez jogar títulos rasos e ignorar defeitos terríveis. O último título do gênero que joguei antes de AoC foi One Piece: Pirate Warriors 4, que fiz análise aqui no Pulo Duplo. Foi uma aventura emocionante.
Mas Hyrule Warriors: Age of Calamity tem algo a mais. Claramente, possui um cuidado maior em seu desenvolvimento e um carinho especial digno dos grandes títulos da marca Nintendo. O jogo busca agradar quem viveu e se encantou pela magia de Breath of the Wild e é um “tapa na cara” daqueles acostumados em simplesmente derrotar centenas de milhares de inimigos nos jogos Musou.
Palmas eternas para a equipe de desenvolvimento da Omega Force e Koei Tecmo!
*Análise feita no console Nintendo Switch Lite.
** Com imagens da Nintendo e Koei Tecmo.