No dia 21 de fevereiro de 1986, chegou ao Nintendo Entertainment System (NES) o jogo The Legend of Zelda. Um marco para a história dos games, a primeira aventura de Link foi o pontapé inicial para uma das mais longínquas séries da Big N. Depois de tantas aventuras, nos mais diferentes formatos, o game original completa 35 anos com um legado de fazer inveja.
Idealizado em 1983 por Shigeru Miyamoto e Takashi Tezuka, The Legend of Zelda trouxe o alicerce clássico que se segue por toda franquia. A figura do herói lendário Link que precisa resgatar a princesa Zelda das garras do senhor das trevas Ganon. Parando para pensar, é quase a mesma premissa da princesa Peach que precisa ser resgatado das garras do vilão Bowser. Também pudera, já que Tezuka é uma das mente criativa por trás do desenvolvimento de Super Mario.
O título possui uma história própria rica em detalhes e, por que não, curiosidades. Para comemorar um aniversário tão especial, trazemos aqui 10 curiosidades sobre o jogo original The Legend of Zelda.
1 – Inspirado em J.R. Tolkien
Takashi Tezuka é um um fã de carteirinha de toda a obra literária de J.R. Tolkien. Em entrevistas sobre o desenvolvimento de seus jogos, o profissional alega que em muitos momentos buscou inspiração nas aventuras vividas pelos hobbits. Já para Zelda, Tezuka afirma que os monstros e desafios no subterrâneo da Trilogia Senhor dos Anéis foram um combustível para o processo de criação.
Por sua vez, Miyamoto buscou inspiração nas brincadeiras de criança em cavernas e florestas da região rural de Natan, na província de Quioto. Reunindo suas lembranças com a inspiração “tolkiana” de Tezuka, surgia o pilar central da franquia Zelda.
Durante o desenvolvimento, Miyamoto preocupava-se com as mecânicas e dirigia a produção. Tezuka, por sua vez, era responsável pela desenvolvimento visual dos inimigos, personagens e cenários.
2 – A origem do nome Zelda
Assim como vários criadores, Shigeru Miyamoto buscou inspirações em obras e pessoas que se destacavam em sua vida. O nome “Zelda” é inspiração direta da romancista e pintora Zelda Fitzgerald, esposa do escritor F. Scott Fitzgerald.
Bela e talentosa, Zelda colaborou com as várias produções de seu marido, além de desenvolver trabalhos próprios. Infelizmente, muitos críticos atribuíam a queda de qualidade do trabalho de Scott Fitzgerald ao seu casamento, o que não era verdade.
Após várias brigas provocadas pelo alcoolismo de Scott, Zelda decidiu se divorciar. Antes que acontecesse, o marido acabou internado-a em um sanatório por vários anos.
3 – As inspirações para o vilão Ganon
O vilão Ganon também seria inspirado na história de Zelda Fitzgerald. Mais especificamente, em seu marido, F. Scott Fitzgerald.
Apesar dos criadores do game não deixarem claro em entrevista, a ideia da princesa raptada por um vilão que busca um poder absoluto remete bastante ao relacionamento abusivo entre Scott e Zelda. O herói Link, com sua roupa e gorro verde são uma alusão as inspirações artísticas de Zelda na literatura e arte para sobreviver ao cárcere no manicômio.
A aparência de “porco” do vilão vem do personagem Cho Hakkai da obra chinesa Jornada para o Oeste. Para quem não lembra, a obra foi inspiração para Dragon Ball e o personagem serviu de base para Toriyama desenvolver o porco Oolong.
4 – E Link é inspirado em…
Quanto à inspiração de Link, Miyamoto e Tezuka simplesmente descrevem como “criado com suas lembranças de infância”. Por sua vez, o nome “Link” tem um significado para Miyamoto. Durante o desenvolvimento do roteiro, a ideia da Triforce surgiu e precisava de algo que “uni-se” (link em inglês) o poder, onde cada uma das partes funcionaria como um componente eletrônico. Link seria aquele que une todos os poderes.
Já em aparência, as vestes do herói são inspiradas nas várias versões cinematográficas de Robin Hood. Gorro e roupas verdes, habilidades com espada e arco, além de talentos em combate? Entre os grandes destaques da época estão a versão animada da Disney e o filme Robin and Marian, ambos lançados em 1973.
5 – E a Triforce?
Como mencionamos acima, o icônico símbolo de poder foi imaginado por Miyamoto como “componentes eletrônicos de uma máquina de imenso poder”. Uma clara inspiração ao desenvolvimento do artefato triplo foi a placa do NES. Já a ideia de trindade faz alusão a Zelda, Link e Ganon.
Apesar da Triforce ser levemente mencionada no primeiro game, ela só recebeu um nome em Zelda II: The Adventure of Link, também do NES. Sua história de origem, porém, só seria contada realmente em The Legend of Zelda: Links Awakening. O jogo de Super Nintendo também deu origem a ideia da “aventura que se perpetua por várias eras”.
6 – Impa: a estrela oculta que zela por Zelda
Além dos Zelda, Link e Ganon, a série possui outra personagem recorrente. Trata de Impa, a babá de Zelda. Segundo Miyamoto, ele sempre quis trabalhar em profundidade todos os personagens do primeiro game. Por conta do tempo e foco no desenvolvimento das mecânicas, Impa ficou em segundo plano.
No primeiro e segundo jogos, a personagem é uma velha e dedicada babá da princesa Zelda que fornece algumas informações para Link. Seu desenvolvimento foi maior no segundo game, onde ela recebeu um design mais detalhado e mais importância na história.
Depois, a personagem foi retratada de várias formas em diversos títulos. Entre suas várias versões, a maioria são associadas a uma forte guerreira .
7- É perigoso seguir sozinho! Tome essa espada!
“It’s dangerous to go alone! Take this.” A célebre frase dita por um velho sábio que presenteia Link com sua primeira espada tornou-se um dos maiores memes da história dos games. Uma das mais famosas é a música cantada pela banda Starbomb.
Nos games, a frase ficou famosa novamente com o professor Oak (Carvalho no Brasil) em Pokémon Red e Blue. No início da aventura, a frase é dita (com adaptações) um pouco antes do professor pedir para que você escolha um dos três pokémon iniciais do jogo. Nas versões japonesas do game Red e Green, a frase é a mesmo do primeiro Zelda.

8 – Um multiverso de possibilidades
Com o crescimento da franquia Zelda, vários fãs começaram a teorizar que todos os os jogos acontecem em um mesmo universo, mas em tempos diferentes. Depois, com o lançamento de Majora’s Mask, surgiu a teoria de multiversos, com várias linhas de tempo alternativas que surgiam a partir dos acontecimentos de Ocarina of Time.
Após muito refletir (e atendendo a vontade dos fãs), a Nintendo oficializou a linha do tempo da série com o lançamento do livro The Legend of Zelda: Hyrule Historia, lançado em 2012. Nele, existem três linhas temporais a partir de Ocarina of Time.
O primeiro The Legend of Zelda do NES é o penúltimo jogo dentro da linha do tempo onde Link foi morto em Ocarina of Time. É a chamada Era do Declínio e do Último Herói, tendo os jogos do NES como os derradeiros encerramentos de anos de sofrimento.
9 – RPG mesmo é só no segundo
Apesar de muitos classificarem o primeiro game como um RPG, Miyamoto acredita que a franquia só recebeu “elementos” do gênero em Zelda II: The Adventure of Link. Apesar do sucesso do primeiro game, a equipe de desenvolvimento desejava explorar outras mecânicas e elementos.
Pensando nisso, a sequência do primeiro game recebeu uma jogabilidade unilateral, com alguns elementos de RPG como progressão do personagem por meio de distribuição de pontos. (In)felizmente, a ideia não foi para frente e a maioria dos jogos seguiram as mecânicas básicas estabelecidas pelo primeiro título.
10 – O cartucho dourado do Nintendinho
Para gerar um “hype” no lançamento do game, a Nintendo lançou os dois primeiros jogos do NES em cartuchos com carcaças douradas. Depois disso, virou tendência o lançamento dos cartuchos dourados.
A Nintendo repetiu o lançamento de um cartucho dourado da série em 1998, com o lançamento de Ocarina of Time. Com a substituição dos cartuchos por mídias em disco, os “produtos dourados” foram retomados apenas em 2011, com o lançamento de The Legend of Zelda: Skyward Sword, que possuía um disco e um controle dourado em versões de colecionador.
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*Com informações da Nintendo, do livro The Legend of Zelda: Hyrule Historia e do site Zelda Wiki.